quarta-feira, 30 de julho de 2008

Os dez mandamentos do voto


I. O voto é intransferível e inegociável. Com ele o cristão expressa sua consciência como cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a compreensão que o cristão tem de seu País, Estado e Município;

II. O cristão não deve violar a sua consciência política. Ele não deve negar sua maneira de ver a realidade social, mesmo que um líder da igreja tente conduzir o voto da comunidade numa outra direção;

III. Os pastores e líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética e com discernimento. No entanto, devem evitar transformar o processo de elucidação política num projeto de manipulação e indução político-partidário;

IV. Os líderes evangélicos devem ser lúcidos e democráticos. Portanto, melhor do que indicar em quem a comunidade deve votar é orientar os cristãos a conhecerem bem a história, e principalmente a proposta de governo dos candidatos através de debates multi-partidários e outros meios que possibilitem que todos sejam ouvidos sem preconceitos.

V. A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil deve levar os pastores a não tentar conduzir processos político-partidários dentro da igreja, sob pena de que, em assim fazendo, eles dividam a comunidade em diversos partidos;

VI. Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos são pessoas lúcidas e comprometidas com as causas de justiça e da verdade. E mais: é fundamental que o candidato evangélico queira se eleger para propósitos maiores do que apenas defender os interesses imediatos de um grupo religioso ou de uma denominação evangélica. É óbvio que a igreja tem interesses que passam também pela dimensão política. Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender eleger alguém apenas para defender interesses restritos às causas temporais da igreja. Um político evangélico tem que ser, sobretudo, um evangélico na política e não apenas um "despachante" de igrejas.

VII. Os fins não justificam os meios. Portanto, o eleitor cristão não deve jamais aceitar a desculpa de que um político evangélico votou de determinada maneira, apenas porque obteve a promessa de que, em fazendo assim, ele conseguirá alguns benefícios para a igreja, sejam rádios, concessões de TV, terrenos para templos, linhas de crédito bancário, propriedades ou outros "trocos", ainda que menores. Conquanto todos assumamos que nos bastidores da política haja acordos e composições de interesse, não se pode, entretanto, admitir que tais "acertos" impliquem na prostituição da consciência de um cristão, mesmo que a "recompensa" seja, aparentemente, muito boa para a expansão da causa evangélica. Afinal, Jesus não aceitou ganhar os "reinos deste mundo" por quaisquer meios. Ele preferiu o caminho da cruz;

VIII. Os eleitores evangélicos devem votar em seus candidatos, sobretudo, baseados em programas de governo, e não apenas em função de "boatos" do tipo: "O candidato tal é ateu"; ou: "O fulano vai fechar as igrejas"; ou: "O sicrano não vai dar nada para os evangélicos"; ou ainda: "O beltrano é bom porque dará muito para os evangélicos". É bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja o poder de limitar a liberdade religiosa de qualquer grupo. Além disso, é válido observar que aqueles que espalham tais boatos, quase sempre, têm a intenção de induzir os votos dos eleitores assustados e impressionados, na direção de um candidato com o qual estejam comprometidos;

IX. Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: "o candidato evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto", é de bom alvitre que, ainda assim, se dê um "voto de confiança" a esse irmão na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. A fé deve ser prioritária às simpatias ideológico-partidárias.

X. Nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu pastor ou líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ele ensina sobre a Palavra de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político, a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não como uma profecia divina."

(Decálogo do Voto Ético, redigido pela AEvB (Associação Evangélica Brasileira), em 1998)

domingo, 6 de julho de 2008

Serviço é sinal de vida espiritual


Por Milton Lucas

Assim como pulso, pressão arterial, temperatura e respiração são indicadores da saúde física geral de uma pessoa, existem sinais vitais que indicam a saúde espiritual de um cristão. Já falamos recentemente sobre amor e obediência, hoje gostaria de falar sobre serviço.

NOSSO SERVIÇO É UM SINAL DE QUE REALMENTE TEMOS UMA VIDA ESPIRITUAL. Há algumas semanas me deparei com um video na internet contando a história de Andressa Duarte, uma menina adolescente que de segunda à segunda investia pelo menos uma hora do seu dia em evangelismo ou serviço social. Mais de 100 pessoas foram batizadas como fruto do ministério desta menina que faleceu com 14 anos, mas deixou um exemplo de vida e generosidade de grande impacto.

O EVANGELHO É BOA NOTÍCIA PRA MIM E PARA OS QUE ME CERCAM. Quando alguém se converte ao Caminho de Jesus isso é boa notícia pra ele, mas também é boa notícia pra todo mundo que o cerca. A mudança que está acontecendo com esta pessoa vai afetar a redondeza. Neste aspecto, o evangelho é boa notícia inclusive para quem não crê, pois ele também será beneficiado pelo efeito do Evangelho naquele que crê. A chegada do Reino nos faz melhores vizinhos, melhor patrões e funcionários, esposos, cidadãos.

SOMOS ABENÇOADOS PARA SERMOS UMA BENÇÃO. O chamado de Abraão em Gênesis 12:2-3 é universal: ‘eu o abençoarei … e você sera uma benção … por meio de você todos os povos da terra serao abençoados’. Somos convocados pelo Senhor para abençoar os crentes e os não crentes também. A igreja não existe para si mesma, mas para o benefício do mundo. Se a igreja não serve, ela perdeu a razão de sua existência e de sua vida. Não vivemos para reclamar ou apontar os erros e problemas do mundo ao nosso redor, mas para ir de encontro a eles e fazer alguma coisa. Em Cincinatti, nos Estados Unidos, a Vineyard tem desenvolvido um projeto chamado ‘Conspiração de bondade’ simplesmente servindo à cidade de todas as formas possíveis. O slogan deles é ‘Pequenos atos de bondade podem mudar o mundo’. É o que temos procurado fazer como igreja em nossa cidade também servindo nas créches, asilos, orfanatos, junto com católicos, espiritas, governo muncipal etc. Mas e individualmente, no nosso campo de influência pessoal, o que temos feito?

NÃO VIVEMOS POR RECOMPENSAS. E o que ganhamos com isso? Não vivemos por recompensas, vivemos por amor a Deus. Nosso objetivo na vida não é torná-la mais fácil, mas sim torná-la mais signicativa e importante. Os ensinos de Jesus eram sempre mais pesados para os seus discípulos mais próximos. Não vivemos para ir para o céu, mas vivemos para trazer o céu aqui na terra, para nós e para outros.

COMO VAMOS REAGIR ÀS NECESSIDADES AO NOSSO REDOR? Num mundo como o nosso, podemos nos fechar e nos tornar duros, sínicos, orgulhosos, vaidosos e egoístas. Por outro lado, como cristãos, discípulos de Jesus, podemos nos juntar e sermos uma comunidade de pessoas que não apenas fala do Evangelho, mas que o demonstra através de uma vida de verdadeiro amor e serviço ao próximo.

COMO ANDA SUA SAÚDE ESPIRITUAL? Tem amado a Deus sobre todas coisas? Tem amado seu próximo como ama a você mesmo? Tem obedecido ao Senhor e aos seus mandamentos? Tem servido e sido um sinal do amor de Deus a todos que estão ao seu redor?

Milton Lucas é pastor da Comunidade Vineyard de Piratininga

sábado, 5 de julho de 2008

Eu sou candidato. E você?


Outro dia fui abordado por um amigo:
- Qual é o seu partido?
- Como assim? Disse eu.
- Sim, você se filiou a qual partido político? Afinal, você vai ser candidato, não vai? Não é por isso que você está escrevendo os artigos no jornal? Foi o que ele me disse.

Aquela conversa me abriu os olhos para ver que estamos cercados de partidos e de candidaturas. Todos temos partidos e todos somos candidatos à alguma coisa e isso vai além do momento político que vivemos.

Percebi que temos muitos partidários da fofoca, cujo prazer e a relização é falar da vida dos outros, acusando, julgando e condenando todos ao redor. Temos o partido da inveja e da cobiça que sofre com o sucesso alheio e temos ainda o mais forte de todos que é o da descrença. Este último espera o pior de tudo e de todos, incapaz de ver beleza, alegria, futuro ou esperanca pra sí mesmo ou pra quem quer que seja.

Estamos também rodeados de candidatos. Candidatos à solidão e a tristeza de não ter e não querer amigos, mas apenas bajuladores que concordem com tudo que pensa, sem a coragem de lhes dizer a verdade. Candidatos à miséria de serem cheios de recursos, mas de nunca ter ajudado ninguém a não ser a sí próprio. Candidatos à pobreza de não acreditar em sí mesmo e nem em seu seu próprio potencial, deixando de lutar por seus sonhos e seus ideais, acomodando-se à uma mentalidade pequena e desprezível.

Encontramos também eternos candidatos à candidatos. Pessoas cujas pseudo- lutas e aspirações apenas afloram quando as eleições se aproximam.

Naquela rápida conversa percebi que por causa da minha maldosa tendência natural e também do ambiente que me cerca, posso me tornar tão ruim quanto aqueles que critico.

Porque tenho me deparado com meu orgulho, minha vaidade e meu egoísmo, eu sou candidato a ser uma pessoa melhor. Por isso me me ofereço todos os dias à Deus pedindo Sua ajuda para ser transformado e influenciado por Ele.

Porque também sou daqueles que esperam que tudo seja feito do meu jeito, na minha hora e especialmente para o meu próprio benefício - lutando contra isso, mas perdendo quase sempre - sou candidato à servo. Minha busca por Deus é uma busca por um coração mais humilde, mais amoroso e mais disposto à olhar para interesse dos outros, antes do meu.

Sou um canditato à felicidade. Enquanto enfrento as dificuldades do dia-a-dia e os medos e frustrações do meu próprio coração, encontro em Deus e na prática dos seus ensinos o segredo da alegria que vai além da solução dos meus problemas.

Sim, eu tenho um partido! Sou do partido dos que crêem. Creio na bondade, na generosidade, no serviço e no amor ao próximo. Creio na verdade, na pureza. Creio na justiça, na honestidade e na paz. Creio portanto em Deus, que criou todas as coisas, é o autor de tudo que é bom. Sei que é Ele é a fonte de todas as virtudes acima.

Escrever estes artigos é um pensar alto” enquanto busco respostas às minhas questões e lutas interiores, que percebo são as mesmas da maioria de nós.

Apesar de não ter filiação político-partidário, admiro e apoio aqueles que a têm e fazem disso uma forma de serviço genuíno às suas comunidades. Por entender que eu mesmo seria um péssimo político, busco pessoas assim para receberem meu voto e também o meu apoio.

Sou do partido dos que crêem. Nesta vida minha candidatura é a ser servo e a ser uma pessoa melhor. No Caminho tenho encontrado muita gente com a mesma ideologia e as mesmas pretensões. Estamos em campanha!

Está escrito: ‘quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos’ (Marcos 10:43-44). ‘Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo’ (Filipenses 2:3). “Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita, que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer.” Tiago 1.25.

Milton Lucas é pastor da Comunidade Vineyard de Piratininga.