sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A Festa da Carne

por Milton Lucas

A palavra Carnaval vem da expressão latina “carne levare”, que significa levar a carne embora.

A festa surgiu no século XI e antecede a Quaresma, período de quarenta dias onde, segundo a tradição católica, os fiéis são convocados para um período de penitência e meditação, por meio da prática do jejum, da esmola e da oração - sem comer carne.

A terça-feira do Carnaval é a chamada de terça gorda (Mard Gras em francês), o dia de despedir-se da carne. A quarta-feira de cinzas simboliza um dia de reflexão sobre a necessidade de conversão e mudança de vida, bem como sobre a fragilidade da vida humana.

O Carnaval seria então uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período de conversão na quaresma. Daí a interpretação do evento como a festa da carnalidade, ou seja, a festa para satisfazer os desejos da carne.

Este ciclo de carnaval, terça-feira gorda, quarta-feira de cinzas, quaresma, semana santa e páscoa, revela muito da nossa natureza e da forma como vivemos a vida: a reflexão só vem depois da festa, a purificação só depois do sofrimento.

Na verdade, levar a vida desta forma ainda que nos transmita uma idéia de redenção, nos leva a ver a espiritiualidade como o último recurso, o fim da festa, ou aquela coisa chata depois da parte boa. Nada mais equivocado do que isso!

Está escrito em João 10:10 “ eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente”. Esta é a proposta de Jesus para nós. Ele não está esperando a gente curtir a vida, para depois nos apresentarmos totalmente arrebentados para ele e assim ter um bom final de história. Ele quer que desfrutemos com ele uma vida inteira de alegria e festa verdadeiras.

Antes de festejar seu “carne levare”, reflita sobre isso! Quatro dias de festa é muito pouco!

Milton Lucas é pastor da Comunidade Vineyard de Piratininga

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Céu ajuda aqueles que ajudam a si mesmos

por Milton Lucas

Alguns dos livros mais vendidos hoje são os chamados livros de auto-ajuda. O primeiro desta categoria se chamou "Auto-Ajuda" e foi escrito por Samuel Smiles em 1859. Sua frase de abertura é: "O Céu ajuda aqueles que ajudam a si mesmos", uma variação de "Deus ajuda aqueles que ajudam a si mesmos", uma máxima frequentemente citada pelo famoso inventor americano Benjamin Franklin.

Os críticos questionam a legitimidade destes livros afirmando que eles oferecem "respostas fáceis" para problemas pessoais complicados e dizem que o único modo de ser bem sucedido – leia-se rico - com um livro de auto-ajuda é escrever um. Os defensores dizem que todos aqueles que se esforçam geralmente melhoram suas vidas.

Um dos livros mais famosos é “Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” do escritor Stephen R. Covey, resultado de pesquisa feita em duzentos anos de publicações sobre sucesso que vão desde biografias a simples manuais e livros de auto-ajuda. Já vendeu mais de 15 milhões de cópias em trinta e oito idiomas desde a sua primeira publicação em 1989 e foi eleito pelos leitores da revista Chief Executive como o livro mais influenciador do século vinte.

Covey afirma que o sucesso é fruto dos nossos valores e não da nossa atitude. Segundo ele as vitórias públicas são resultado das vitórias interiores. É o que ele chama de Ética do Caráter. Covey sintetiza este pensamento com as palavras de Salomão “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.”

Olhando desta forma os problemas que enfrentamos, sejam eles econômicos, familiares, sociais, políticos ou ecológicos, são em primeiro lugar um assunto do coração. Podemos olhar para a atual crise econômica mundial e enxergar a ganância como causa principal. Reconhecemos a fragilidade interior dos ricos e famosos jogadores de futebol brasileiros que no auge da carreira acabam por desmoronar moralmente em escândalos, os mais variados, mas sempre em torno de mulheres, drogas e dinheiro. É fácil ver que o aquecimento global também é fruto de um consumo descontrolado, gerado por um materialismo sem precedentes. Que dizer então da corrupção que reina nos meios políticos, e cujas raízes são mentira, vaidade e ganância – de novo. Apenas para citar alguns exemplos.

Os livros de auto-ajuda na maioria das vezes encorajam a determinação pessoal, a atitude positiva e uma boa rede de amizades como fórmula para o sucesso. Mas isso não é suficiente!

Se por um lado precisamos de fé, confiança, trabalho, planejamento e muita coragem, por outro lado precisamos cuidar do nosso coração, dos nossos valores e da nossa motivação. São eles que dão sustentação para uma vida bem sucedida.

Não basta fazer, temos que ser. Todo o ensinamento cristão é baseado nisso: mudança interior. Os ensinamentos bíblicos sobre integridade, generosidade, alegria, serviço, justiça e amor são extremamente relevantes numa época como a nossa.

Está escrito em Salmos 1:1-3 “Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do SENHOR, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!”

Temos que concordar com Benjamin Franklin, além de precisarmos de auto-ajuda, precisamos da ajuda do Alto. Sem as duas, não iremos muito longe.

Milton Lucas é pastor da Vineyard Piratininga

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Os 7 hábitos dos cristãos altamente eficazes | Introdução

por Milton Lucas

O título da nossa nova é série é inspirado no livro “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”, Stephen R. Covey. O livro, segundo o autor, é resultado de pesquisa feita em duzentos anos de publicações sobre sucesso que vão desde biografias a simples manuais e livros de auto-ajuda. Já vendeu mais de 15 milhões de cópias em trinta e oito idiomas desde a sua primeira publicação em 1989 e foi eleito pelos leitores da revista Chief Executive como o livro mais influenciador do século vinte.

Covey afirma que as vitórias públicas são resultado de nossas vitórias particulares. Sucesso então não é fruto da nossa atitude, mas sim dos nossos valores. Segundo ele, mais importante do que fazer é ser. É o que ele chama de Ética do Caráter, sintetizando seu pensamento com um provérbio bíblico: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Baseado neste premissa e também na de que nosso caráter é composto pelos hábitos que desenvolvemos, Covey sugere 7 disciplinas (hábitos) que devemos cultivar como base para o nosso desenvolvimento.

Olhando desta forma os problemas que enfrentamos sejam ele econômicos, familiares, sociais, políticos ou ecológicos são em primeiro lugar um assunto do coração. Podemos olhar para a atual crise econômica mundial e enxergar a ganância como causa principal. Reconhecemos a fragilidade interior dos ricos e famosos jogadores de futebol brasileiros que no auge da carreira acabam por desmoronar moralmente em escândalos, os mais variados, mas sempre em torno de mulhres, drogas e dinheiro. É fácil ver que o aquecimento global também é fruto de um consumo descontrolado, gerado por um materialismo sem precedentes. Que dizer então da corrupção que reina nos meios políticos, e cujas raízes são mentira, vaidade e ganância – de novo. Apenas para citar alguns exemplos.

Os livros de auto-ajuda - o livro de Covey é uma excessão - na maioria das vezes encorajam a determinação pessoal, a atitude positiva e uma boa rede de amizades como fórmula para o sucesso. Mas isso não é suficiente! Não basta fazer, temos que ser!

CRISTÃOS EFICAZES?

Ao pensar em cristãos podem ser altamente eficazes, temos que concordar que existem muitos conceitos errados à este respeito.

Para alguns o cristão eficaz é um sofredor, que alienado deste mundo, vive uma vida de privação, aguardando o retorno de Jesus, sem expectativas ou esperanças para esta vida aqui. Este cristão maltrapilho alienou-se deste mundo para viver uma vida de total consagração à Deus. Cristão eficaz é cristão que sofre!

Para outros, no entanto, o cristão bem sucedido é aquele que vence todos os problemas “em nome de Jesus”. Ele á cabeça e não cauda. Cristianismo aqui é sinônimo de prosperidade material. Os ícones deste filosofia andam com roupas de grife, carros importados e vivem vidas de ostentação e luxo. Este é o modelo que impera nos programas de auto-ajuda pseudo-cristãos da TV. Cristão eficaz é cristão que vence!

Do ponto de vista bíblico o cristão eficaz é aquele que reflete o Cristo em sua vida.

Em Filipenses 2:5 lemos: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo”. O conceito aqui é a imitação de Cristo, que ecoa as palavras do mesmo apostolo Paulo em 1 Coríntios 1.1 “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo”.

Imitação de Cristo, é o título do clássico da literatura devocional de Tomas de Kempis, publicado no século XV e um dos maiores tratados de moral cristã. O livro é um auxiliar à oração e às práticas devocionais pessoais.

Outro clássico devocional, “Em seus passos, o que faria Jesus”, de Charles Sheldon, conta a história da transformação de uma comunidade cristã, que desafiada por seu pastor, passa a fazer a pergunta “o que Jesus faria” antes de cada decisão à ser tomada.

Jesus é o nosso Senhor e Salvador, mas também nosso modelo de conduta. Ele nos mostrou quem Deus é, mas também nos mostrou o que significa ser humano.

As expressões “estatura de Cristo”, “plenitude de Cristo” ou “em Cristo” presentes nas cartas de Paulo no Novo Testamento, reforçam este conceito.

Desta forma, ser um cristão de verdade é ser parecido com Jesus!

QUAL A IMPORTÂNCIA DOS HÁBITOS?

No mesmo capítulo 2 de Filipenses, no versículo 12, Paulo diz “Ponham em ação a salvação de vocês”. Em outra tradução a expressão é “desenvolva” a sua salvação.

Ao sermos alcançados pela graça de Deus, somos salvos, mas esta salvação é um processo. Nosso espírito é salvo imediatamente, o que nos garante a vida eterna. Nosso corpo físico será salvo no futuro, quando glorificado. Nossa alma, onde residem nossa vontade, nossas emoções e nossa mente, está sendo salva agora. Usando a linguagem de Paulo estamos sendo formados, conformados e transformados à imagem de Jesus.

Este processo de salvação envolve a nossa participação, o nosso envolvimento.

O conceito aqui é o das Disciplinas espirituais.

Nas palavras de Dallas Willard, “As disciplinas para a vida espiritual são atividades concretas e disponíveis, designinadas para tornar seres da terra, como nós, cada vez mais sensíveis e recptivos ao Reino dos Céus trazido por Cristo, mesmo vivendo num mundo que se opõe a Deus”

Interessante notar que o Judaísmo é uma religião de hábitos. Podemos destacar por exemplo o Shabbath (Sábado), o dia de descanso observado semanalmente pelos judeus para reflexão e adoração. É de praticas como estas que emana a centralização de Deus em todas as esferas da vida de um judeu.

O próprio Jesus mantinha disciplinas. A mais evidente era a de retirar-se para orar. Em meio às viagens, o assédio das multidões, o convívio com os discípulos e a marcação serra dos religiosos que sempre procuravam entrar nele uma falta, Jesus sempre encontrava tempo para estar a sós com seu Pai, em oração.

A expressão discípulo ocorre 269 vezes no NT, enquanto cristão apenas 3 vezes. As palavras discípulo e disciplina têm a mesma origem. Discípulo é aquele que pratica as disciplinas do seu mestre, com vistas à tornar-se como ele. Foi assim que Jesus treinou os seus discípulos e assim que recomendou que avançássemos o Seu Reino.

Em 1 Timóteo 4.7, Paulo encoraja seu discípulo a exercitar-se na piedade. A palavra grega utilizada alie é gummazo, de onde vem a palavra ginásio, lugar de prática de exercícios. Esta idéia de treinamento para a vida é o mesmo utilizado por paulo em 1 Coríntios 9:24-27 quanto compara a caminhada cristã a um atleta passando por treinamento rigoroso para alcançar a cora da vitória.

Na história da igreja cristãos sinceros mantinham disciplinas espirituais. Um exemplo deles é John Wesley, cuja estratégia de discipulado eram os métodos, que consistiam em reuniões para o cultivo da piedade cristã, com dias fixos para leitura da Bíblia, da prática da oração, do jejum, da visita aos presos e aos enfermos. Dai surgiu o Metodismo, o grupo daqueles que tem método (disciplina)

Por que temos aversão às disciplinas? A palavra nos remete às matérias escolares ou à correção ao castigo dos pais. Estas já seriam duas boas razões para muitos fugirem delas.

O legalismo e o exagero são outras causas do afastamento que vemos hoje das disciplinas espirituais. Aqueles que cometem estes enganos esquecem que as disciplinas são um meio, não um fim!

Segundo Richard Foster, “Deus nos deus as disciplinas da vida espiritual como meios de receber a sua graça. As disciplinas permitem-nos colocar-nos diante de Deus de sorte que ele possa transformar-nos”.

Ao enfatizarmos as disciplinas espirituais nos lembramos que é a graça de Deus que nos alcançar, nos salva e nos transforma. Ao praticá-las estamos criando oportunidades para Deus em nossas vidas.

QUAIS SÃO OS HÁBITOS IMPORTANTES PARA UMA VIDA CRISTÃ EFICAZ?

Não existe uma lista definitiva, existem muitas listas. As mais indicadas são aquelas que vão de encontro com suas deficiências, afinal, nós praticamos aquilo em que não somos bons.

Pensando desta forma, quem come demais deveria praticar jejum. Quem fala demais deveria praticar silêncio. Pessoas independentes, deveriam exercitar a comunhão e a submissão e quem gasta demais, frugalidade, assim por diante.

Nas próximas semanas vamos nos dedicar às 7 disciplinas básicas de uma vida cristã saudável, à saber: oração, meditação, comunhão, estudo, mordomia, serviço e descanso.

Milton Lucas é pastor da Comunidade Vineyard de Piratininga