| Parece que só temos um alvo hoje em dia — o ideal da prosperidade. Estamos todos sob a febre dos livros de auto-ajuda e sob a da teologia da prosperidade. Antes, a influência vinha exclusivamente da cultura secular. Agora, a influência religiosa supera a influência secular. Estamos no mato sem cachorro. Outro dia, por exemplo, o bispo Edir Macedo escreveu que quando Jesus aconselhou “dêem, e lhes será dado [Lc 6.38], seus olhos estavam voltados para o mercado” (Folha Universal, 04/11/07, 2). Por essa perspectiva, quanto mais eu dou e quanto mais fiel eu sou no dízimo, mais Deus me dará. Esse “outro evangelho” me ensina que é Deus quem me enriquece. Então eu preciso sempre negociar com ele.
Vamos colocar diante de nossos olhos a seguinte passagem: “Ai de vocês que adquirem casas e mais casas, propriedades e mais propriedades, até não haver mais lugar para ninguém e vocês se tornarem os senhores absolutos da terra!” (Is 5.8). Permitamo-nos também encompridar e contextualizar esse texto: “Ai de vocês que adquirem casas e mais casas, propriedades e mais propriedades, carros e mais carros, dinheiro e mais dinheiro, cartões de crédito e mais cartões de crédito, títulos e mais títulos, poder e mais poder, até não haver mais oportunidade para ninguém e vocês se tornarem senhores absolutos na terra”.
Sabe o que isso significa na prática? Nada mais é do que “correr atrás do vento”, correr atrás do nada (Ec 2).
Quem sabe poderíamos traçar outro alvo para 2008. Menos materialista, menos mercantilista, menos egoísta, menos terreno, menos soberbo e menos sujeito à decepção. Pois a sugestão de Jesus é em sentido contrário: “Não acumulem para vocês tesouros na terra [...]. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus[...], pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (Mt 6.19-21). Outro dia, o professor Jorge Barros, da Faculdade de Teologia Latino-Americana, de Londrina, muito bem se expressou: “O de que menos precisamos hoje é de teologia da prosperidade e o de que mais precisamos é a prosperidade da teologia”.
No 40º aniversário de circulação ininterrupta de Ultimato, desejamos aos leitores e aos seus familiares as mais preciosas bênçãos de Deus.
E. César
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