Acompanho as peripécias do casal Estevam e Sônia Hernandes com bastante interesse desde 1996. Como evangélico, incomoda-me profundamente o estilo de vida fútil e nababesco ostentado pela dupla que comanda a Igreja Apostólica Renascer em Cristo. Em nenhum momento sinto-me representado espiritualmente por gente com esse tipo de conduta.
Embora ainda faltem provas definitivas do desvio de recursos daquela comunidade para os cofres da família Hernandes, há indícios suficientes para se desconfiar de que, na Renascer, a pregação da chamada teologia da prosperidade promova, apenas, a prosperidade de uns poucos privilegiados.
Contudo, a reportagem Fé, família, dinheiro, publicada na edição n.º 478 de Carta Capital, ultrapassa acintosamente a linha da boa isenção jornalística. A matéria parte do pressuposto, sequer avaliado pela Justiça, de que o jogador Kaká tem algum tipo de ligação perigosa com possíveis negócios escusos da Renascer. Pior ainda – dá espaço exagerado às indagações de um magistrado que pretende questionar o atleta acerca das doações que faz à igreja a que pertence.
Ora, devemos então entrar no pantanoso terreno do cerceamento às liberdades individuais? Se Kaká deseja doar 2 milhões de dólares, seus troféus ou bens de qualquer natureza à igreja, não há o que se condenar nisso – desde que tais recursos tenham origem definida e, no que cabe, tenham sido tributados.
A arrecadação de dízimos e ofertas é tradição milenar da Igreja Cristã, tanto no catolicismo quanto no protestantismo. Deve-se questionar, isso sim – e, neste caso, o Ministério Público o tem feito –, se a destinação das doações não é a conta particular dos dirigentes religiosos e se não há lavagem de dinheiro dentro das igrejas, que gozam benefícios oriundos de renúncia fiscal.
Por outro lado, a citação aos desentendimentos familiares entre a mulher e a sogra do craque, bem como sua opção por manter a virgindade até o casamento, nada acrescentam ao tema da matéria senão a intenção, explícita dentro e fora das entrelinhas, de ridicularizar a fé dos crentes.
Por favor, acertem o alvo na próxima matéria. Os desdobramentos dos fatos podem até demonstrar, eventualmente, que Kaká está envolvido em alguma falcatrua. Então, que se apure, cheque e publique. Mas não será estereotipando a fé das pessoas, nem suas opções pessoais ou preferências religiosas, que Carta Capital trará boa informação ao leitor. Isso sem falar que o box da página 28 já deixa claro que a revista decidiu quem tem razão no imbróglio entre Kaká e a revista G Magazine...
Embora ainda faltem provas definitivas do desvio de recursos daquela comunidade para os cofres da família Hernandes, há indícios suficientes para se desconfiar de que, na Renascer, a pregação da chamada teologia da prosperidade promova, apenas, a prosperidade de uns poucos privilegiados.
Contudo, a reportagem Fé, família, dinheiro, publicada na edição n.º 478 de Carta Capital, ultrapassa acintosamente a linha da boa isenção jornalística. A matéria parte do pressuposto, sequer avaliado pela Justiça, de que o jogador Kaká tem algum tipo de ligação perigosa com possíveis negócios escusos da Renascer. Pior ainda – dá espaço exagerado às indagações de um magistrado que pretende questionar o atleta acerca das doações que faz à igreja a que pertence.
Ora, devemos então entrar no pantanoso terreno do cerceamento às liberdades individuais? Se Kaká deseja doar 2 milhões de dólares, seus troféus ou bens de qualquer natureza à igreja, não há o que se condenar nisso – desde que tais recursos tenham origem definida e, no que cabe, tenham sido tributados.
A arrecadação de dízimos e ofertas é tradição milenar da Igreja Cristã, tanto no catolicismo quanto no protestantismo. Deve-se questionar, isso sim – e, neste caso, o Ministério Público o tem feito –, se a destinação das doações não é a conta particular dos dirigentes religiosos e se não há lavagem de dinheiro dentro das igrejas, que gozam benefícios oriundos de renúncia fiscal.
Por outro lado, a citação aos desentendimentos familiares entre a mulher e a sogra do craque, bem como sua opção por manter a virgindade até o casamento, nada acrescentam ao tema da matéria senão a intenção, explícita dentro e fora das entrelinhas, de ridicularizar a fé dos crentes.
Por favor, acertem o alvo na próxima matéria. Os desdobramentos dos fatos podem até demonstrar, eventualmente, que Kaká está envolvido em alguma falcatrua. Então, que se apure, cheque e publique. Mas não será estereotipando a fé das pessoas, nem suas opções pessoais ou preferências religiosas, que Carta Capital trará boa informação ao leitor. Isso sem falar que o box da página 28 já deixa claro que a revista decidiu quem tem razão no imbróglio entre Kaká e a revista G Magazine...
Carlos Fernandes
Um comentário:
Muito bem explicitado! Caí de pára-quedas neste blog e enfim me orgulhou um cristão, como eu, mostrar sua opinião com argumentos inteligentes e embasados sobre esta bagunça que é a generalização da imprensa ao tratar dos evangélicos. É absurda a forma com a qual desmoralizam, por tratarem o assunto de uma maneira genérica e preconceituosa, aqueles que são evangélicos e não seguem as estranhas doutrinas dessa teologia da prosperidade pregada por algumas denominações específicas.
Danielle Lopes
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